sábado, 19 de janeiro de 2013

Juca Chaves, o menestrel


Brilhante poeta, músico e humorista brasileiro que nasceu no Rio de Janeiro e, aos 18 anos de idade, já compunha poesias, trovas e músicas de sucesso. Atingiu o auge da sua carreira artística durante as décadas de 60 e 70, quando gravou grandes sucessos musicais e músicas que criticavam a sociedade e o regime político do país. Em seus shows sempre apresentou piadas inteligentes e músicas satíricas que comprovavam a sua brilhante inteligência e capacidade de criação. Apresentou-se em muitos palcos e emissoras de televisão. Sua carreira humorística e musical já dura mais de 60 anos e, apesar da idade avançada, Juca Chaves ainda compõe algumas canções e comparece em alguns programas de televisão.
Começou estudando música em São Paulo, onde lançou suas primeiras trovas e músicas criticando a política do final dos anos 50. Começou sua carreira cantando bossa nova e depois partiu para outros estilos musicais.
Em 1957 e 1958 Juca Chaves compõe e grava músicas que foram grandes sucessos nas rádios de São Paulo e do Rio de Janeiro, tais como “Presidente Bossa Nova”, “Por quem sonha Ana Maria” e “Nasal sensual”.
Abaixo vemos um interessante link que nos leva para a famosa música “Presidente Bossa Nova” onde ele critica, de forma sutil, o regime do então presidente Juscelino Kubitschek:
Música de Juca Chaves "Presidente Bossa-Nova"

Mas, suas composições também revelam um lado romântico e erudito que ele procura demonstrar em músicas como “Por quem sonha Ana Maria” que podemos ver clicando no link abaixo:

O forte mesmo de Juca Chaves sempre foram as críticas sutis e de bom humor, que também o levaram para os palcos dos teatros, onde ele apresentava os seus shows humorísticos recheados de músicas que ele mesmo compunha. Abaixo podemos ver uma das suas primeiras composições satíricas chamada “Brasil já vai à guerra”:

Em 1962 Juca lança um LP, pela gravadora ODEON, que foi um grande sucesso e que continha as suas músicas que foram censuradas. Neste LP, chamado “As músicas proibidas de Juca Chaves”, se destacaram as músicas “Dona Maria Tereza”, onde ele critica o então presidente João Goulart, e a música “Caixinha obrigado”. Abaixo temos um link para sua música “Dona Maria Tereza” onde podemos escutar as suas críticas:

Podemos ver também toda a sua sutileza crítica musical na famosa música de sua autoria “Caixinha obrigado”, onde ele também critica a imprensa brasileira. Para escutar esta sua composição basta clicar no link abaixo:

Também temos uma entrevista mais atual de Juca Chaves falando da sua vida e surpreendentemente dizendo que a Maçonaria já sabia, antecipadamente, no ano de 1962, que ia haver uma revolução militar no Brasil. Vejam abaixo:

Em 1962, antevendo uma perseguição política, Juca Chaves muda-se para Portugal, onde também começa a fazer críticas ao regime político ditatorial do presidente português Antonio Salazar. Isto lhe traz alguns problemas políticos e ele é obrigado a se mudar para a Itália.
Na Itália Juca viveu durante 5 anos, fez amizades com pessoas do cinema e da televisão, onde deu algumas entrevistas e gravou, em italiano, a música “Sou um cornudo mas eu sou feliz”. Abaixo segue um link para uma entrevista onde Juca canta uma parte desta música:
Juca Chaves no programa do Jô Soares

De volta para o Brasil, no começo da década de 70, Juca Chaves montou um circo nas proximidades da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, onde ele apresentava seu famoso show “Menestrel Maldito”. Neste show Juca contava piadas e cantava algumas músicas. Entre estas músicas se destacaram “Demolição” e “Take me back to Piauí”. Para gravar estas músicas que compôs, Juca montou uma gravadora independente chamada Sdruws Records. Abaixo segue um link para o samba rock “Take me back to Piauí”:

Servindo-se da sua própria gravadora Juca compôs e lançou outras músicas que foram sucesso, como por exemplo “A cúmplice”, uma linda canção que podemos escutar clicando no link abaixo:

Juca Chaves também compôs outras músicas mais eruditas, que não são conhecidas pelo seu público, mas que permanecem registradas num programa musical que ele gravou na TV Cultura de São Paulo. Mas o forte de Juca sempre foi a crítica musical perspicaz e sutil, com a qual atacava o regime ditatorial do Brasil durante os anos 70 e 80.
Depois, Juca produziu um outro show chamado “Vá tomar caju”, com o qual excursionou pelo país cantando as suas trovas músicais. Ele mesmo se auto-intitulava um menestrel!
Em 1974 lança seu LP “Ninguém segura este nariz”, onde se destacou a música “Amor Non-sense”. Em 1977 lançou outro LP chamado “Juca bom de câmara”, e em 1979 lançou outro LP chamado “O pequeno notável”.
Nos anos 80 Juca se dedicou mais aos seus shows e diminuiu muito o ritmo de gravações musicais. Mas em 1989 Juca ainda lançou mais um LP de sucesso, onde se destacou a música “Sentir-se jovem”, que pode ser vista abaixo, clicando no link a seguir:
Juca Chaves cantando no Clube do Bolinha sua música "Sentir-se jovem"

Na década de 90 Juca gravou poucas músicas de sucesso. Mas, em 2001, ressurge e grava um de seus últimos discos, com sátiras, humor e modinhas chamado “O Menestrel do Brasil”. Seu último show humorístico nos palcos foi “O rei está nú”, onde ele criticava o governo do então presidente Lula.
Finalmente, para terminar este artigo, vamos recordar um grande sucesso musical da juventude de Juca Chaves, chamado “Por quem sonha Ana Maria”. Esta linda música foi gravada bem no começo da sua carreira, e aparece no link abaixo interpretada magistralmente ao violão por uma admiradora:
Música do primeiro período musical de Juca "Por quem sonha Ana Maria"

Através desta bonita interpretação musical podemos ver toda a musicalidade e a capacidade de preparar bons arranjos deste grande compositor brasileiro!

Espero que tenham gostado das músicas selecionadas pela Comunidade Solaris de Ilhéus, na Bahia, e que curtam os links!
A Comunidade Solaris segue alguns princípios do comunitarismo, ideologia contida no livro "Solaris". Também temos uma eco-doutrina religiosa própria. Acreditamos que a energia se transforma em matéria segundo um Plano Energético Sagrado Universal. Mandamos os dois livros de graça pelo e-mail para todos aqueles que nos escrevem para: comunidadesolaris@yahoo.com.br
E que as Energias do Bem os acompanhem e os protejam!!!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Os Novos Baianos

 

Os Novos Baianos foi um importante e famoso grupo musical brasileiro que esteve ativo por cerca de 10 anos, entre os anos de 1969 e 1979, influenciando muito a música popular e o rock brasileiro durante os anos da década de 70.
O grupo nasceu na Bahia e contava inicialmente com Pepeu Gomes, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão e a cantora Baby Consuelo, uma carioca de Niterói.
Tocaram juntos inicialmente, em 1969, no Teatro Vila Velha, em Salvador, acompanhados pelo conjunto musical “A Cor do Som”, do qual Pepeu Gomes era um dos componentes. Neste conjunto musical também estava outro famoso músico baixista chamado Dadi Carvalho. Por esta época o guitarrista Pepeu Gomes se casa com a vocalista do grupo, Baby Consuelo, e é definitivamente incorporado ao grupo dos Novos Baianos.
O primeiro empresário do grupo foi Marcos Lázaro e a gravadora foi a RGE, por quem eles gravaram seu primeiro LP, em 1970, chamado “É ferro na boneca”. Neste primeiro disco se destacaram as músicas “De Vera”, “Ferro na Boneca” e “Colégio de Aplicação”.
Abaixo aparece um link para uma canção deste primeiro LP do grupo, chamada “Ferro na Boneca”:
 
Algumas músicas deste primeiro LP foram aproveitadas como fundo musical do curioso filme “Caveira my friend”, do Cinema Novo, e que pode ser encontrado no YouTube.
Em 1969 o grupo decidiu viajar para São Paulo, onde se apresentaram no V Festival da Música Popular Brasileira com a canção “De Vera”. A música não foi classificada, e o grupo resolveu partir para a cidade do Rio de Janeiro, onde passaram a residir inicialmente no Bairro do Botafogo. Posteriormente, mudaram-se todos para um sítio em Jacarepaguá, chamado sítio “Cantinho do Vovô”.
Os Novos Baianos influenciaram muito o movimento do “Tropicalismo”, que foi um famoso movimento cultural brasileiro que misturava a cultura nacional com as correntes artísticas de vanguarda da época, tais como a cultura Pop e Kitsch brasileira e internacional!
O Tropicalismo estava ligado à cultura de massa do período da Ditadura Militar e manifestou-se principalmente na música, nas artes plásticas, no chamado Cinema Novo, e também no Teatro Brasileiro.
No sítio de Jacarepaguá os Novos Baianos encontraram a coesão grupal e a tranquilidade necessária para comporem as canções que vão dar origem ao seu segundo LP, em 1972, chamado “Acabou Chorare”.
Este disco foi escolhido pela revista Rolling Stone, em 2007, como o melhor disco da história da Música Popular Brasileira! Para tanto, contaram com o apoio e a ajuda do famoso compositor baiano João Gilberto, que lhes deu alguns conselhos de compositor veterano!
Abaixo temos um link para uma das músicas deste importante LP chamada “Brasil Pandeiro”, que na verdade era uma regravação de uma música composta em 1940 por Assis Valente:
 
“Acabou Chorare” é uma obra prima da música que mescla instrumentos musicais brasileiros, tais como o pandeiro, cavaquinho e o agogô, com instrumentos do rock internacional, tais como guitarra, bateria, baixo, etc.
No Rio os Novos Baianos adotaram um estilo de vida hippie e comunitário, com todos vivendo juntos, compondo as músicas e dividindo as despesas! Abaixo segue um link para outra famosa música deste LP chamada “Preta Pretinha”:
 
Segundo declarou numa entrevista o baixista do grupo, Dadi Carvalho, “O grupo que vivia no sítio “Cantinho do Vovô” tinha como foco descobrir uma nova forma de se viver em grupo e alegremente. O dinheiro conseguido nos espetáculos era posto numa sacola, que ficava dependurada atrás da porta da cozinha, para todos o usarem conforme as suas necessidades”. Nesta época o grupo começou a fazer um show musical no Rio, na boate “Number One”, que teve a duração de 2 anos.
Outro famoso sucesso musical do grupo Novos Baianos, encontrado neste LP de 1972, foi “Besta é tu”. Clicando no link abaixo podemos relembrar esta bonita composição musical:
 
O LP “Acabou Chorare” foi bancado por João Araujo, diretor da gravadora Som Livre, que se encantou com esta bonita manifestação artística do grupo musical baiano. Este LP apresenta uma curiosa mistura de baião com rock psicodélico, frevo, samba e bossa-nova! No link abaixo podemos ver a canção “Acabou Chorare” que dá nome ao disco e foi composta por Luiz Galvão e Moraes Moreira:
 
Em 1973 o grupo lançou seu terceiro LP, chamado “Novos Baianos Futebol Clube”, pela gravadora Continental, em homenagem ao time de futebol que eles montaram no sítio Cantinho do Vovô, onde viviam todos juntos, como se fossem hippies e de forma comunitária!
Esta curiosa experiência comunitária rendeu um documentário, produzido pelo diretor Solano Ribeiro, e que foi lançado inicialmente apenas na Alemanha. Este documentário histórico, de 45 minutos, apresenta muitas músicas do grupo e pode ser visto integralmente no YouTube. Mostra como eles todos viviam juntos naquela época. Para ver este interessante filme, basta clicar no link abaixo e esperar abrir:
 
Neste terceiro disco dos Novos Baianos se destaca a regravação da famosa música de Dorival Caymmi “O Samba da minha Terra”.
Em 1974, a convite de um executivo da gravadora Continental, o grupo todo decide se mudar para uma fazenda em São Paulo, onde gravam o quarto disco chamado “Novos Baianos”, que foi apelidado de “Alunte”.
Neste disco se destacam as canções “Eu sou o caso deles” e “Ladeira da Praça”. Abaixo segue um link para a música Ladeira da Praça, gravado ao vivo na TV Cultura de São Paulo:
 
O LP não fez tanto sucesso como os discos anteriores, e isto causou desentendimentos do grupo com a gravadora. Moraes Moreira, principal compositor do grupo, decidiu sair do grupo para tentar a carreira solo.
Mais tarde, outro importante integrante, o baixista Dadi Carvalho, também decide sair para refundar o conjunto “A Cor do Som”, que consegue alcançar um grande sucesso junto ao público. Clicando no link abaixo podemos rever a bonita música “Zanzibar”, apresentada num clipe do Programa Fantástico, depois que foi regravada pelo conjunto “A Cor do Som”, em 1983:
 
O grupo Novos Baianos ainda contava com importantes talentos musicais, tais como o guitarrista Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo e o compositor Luiz Galvão. Decidem então, em 1974, lançar seu quinto disco, o LP chamado “Vamos pro Mundo”, pela gravadora Som Livre. Neste disco se destacaram as músicas “Tangolete” e “Vamos pro mundo”. Também podemos encontrar algumas faixas apenas musicais, com samba, choro e baião, como a interessante música “Um bilhete para Didi”, que pode ser ouvida clicando no link abaixo:
 
Abaixo segue um link para a música Tangolete, composição da dupla de compositores Moraes e Galvão:
 
 Em 1976 o grupo decide assinar um longo contrato de dois anos com a gravadora Tapecar, o que resultou na gravação do sexto LP chamado “Caia na estrada e perigas ver”. Neste LP se destacou a música “Barra Lúcifer”, um roque que pode ser ouvido clicando no link abaixo:
 
Em 1977 o grupo lançou seu sétimo LP chamado “Praga de Baiano”, onde se destacou a música “O Petróleo é nosso”. Abaixo segue um link onde podemos rever esta bonita composição:
 
Depois deste disco o declínio começa a marcar a história dos Novos Baianos, quando os músicos Pepeu Gomes, Baby Consuelo e Paulinho Boca de Cantor decidem abandonar o grupo para seguir carreira solo.
Um último esforço musical ainda foi tentado com o lançamento do oitavo LP deste conceituado grupo, em 1978, chamado “Farol da Barra”, onde se destaca a faixa musical Farol da Barra, composta por Caetano Veloso e Galvão. Encontramos também a regravação do bonito sucesso musical de Ari Barroso e Caymmi “Isto aqui O que é?”. Abaixo segue um link para esta alegre música de Barroso e Caymmi:

Em 1979, depois de 10 anos, o grupo musical Novos Baianos decide encerrar as suas atividades. Enquanto isto, os antigos componentes do grupo começaram a se destacar em suas carreiras musicais individuais, como podemos observar na música “Menino do Rio” interpretada, em 1980, por Baby Consuelo, que mudou seu nome artístico para Baby do Brasil:
 
Também podemos ver um acompanhamento musical de Dadi Carvalho, no show musical “Circuladô”, de Caetano Veloso, quando ele toca baixo, durante a interpretação da música “Leãozinho”. Esta música foi feita por Caetano para homenagear o próprio Dadi Carvalho:

Somente em 1997, por iniciativa da cantora Marisa Monte, grande admiradora do grupo, foi feita uma reaproximação dos antigos componentes. Isto resultou no lançamento do derradeiro LP duplo do grupo Novos Baianos, chamado “Infinito Circular”, feito pela gravadora Globo/Polydor. Esta reunião dos antigos componentes do grupo resultou numa grande turnê por todo o Brasil que durou um ano e meio!
Abaixo segue um link para o samba “Swing de Campo Grande” cantado no Heineken Concert, em 1997, durante a excursão feita pelos Novos Baianos:

E assim, para aqueles que querem ouvir e ver mais dos vídeos e das músicas dos Novos Baianos, a Comunidade Solaris da Bahia apresenta abaixo este ótimo link que leva para o site do Vagalume, onde vocês encontrarão quase todas as letras e músicas deste fabuloso grupo musical baiano que tanto influenciou a contracultura brasileira. Cliquem nas músicas e curtam!
Site com letras e várias músicas dos Novos Baianos
 
Esperamos que tenham gostado deste nosso artigo! Não se esqueçam que a Solaris também é uma comunidade alternativa e que podemos enviar de graça para vocês, via e-mail, os nossos livros “Solaris”, que contém algo sobre a nossa ideologia, e o livro “As Energias Benéficas”, que contém a nossa própria doutrina religiosa. São livros que procuram ajudar as pessoas e contribuir para salvar a natureza do nosso planeta. 
Basta escrever para: comunidadesolaris@yahoo.com.br ou então para comunidadesolaris@gmail.com que mandaremos os dois livros de graça pelo nosso e-mail. Querendo ver mais fotos ou outras coisas cliquem abaixo no link para o nosso site que é o seguinte:

Um grande e carinhoso abraço para todos e que as Energias do Bem os protejam!
Comunidade Solaris A-1 de Ilhéus.

 

 

 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mulher Rendeira, a música do famoso cangaceiro Lampião




Mulher Rendeira é uma das mais famosas canções folclóricas da música brasileira. Mas, poucas pessoas sabem que os seus versos foram compostos, em 1922, pelo próprio Lampião, famoso bandoleiro do Nordeste do Brasil, considerado o “Rei do Cangaço”. Para ajudá-lo com a música Lampião contou com o auxílio de um jovem cangaceiro do seu bando, apelidado de Volta Seca, um músico bandoleiro a quem são atribuídas outras músicas famosas, em parceria com Lampião e outros cangaceiros, tais como “Acorda Maria Bonita”, “Se eu soubesse”, e “Sabino e Lampião”.
Infelizmente, estas informações são pouco divulgadas no Brasil porque a cultura brasileira é pouco valorizada no nosso país por culpa de uma globalização forçada, veiculada pelos grandes meios de comunicação e outras mídias, e que obrigam o povo a consumir uma cultura importada!
No link abaixo podemos ver a famosa composição de Lampião e Volta Seca, na sua forma original, segundo canções gravadas num LP do próprio cangaceiro do bando, Volta Seca, e produzido pela gravadora Todamérica, em 1957, chamado “Canções de Lampião”:
Mulher Rendeira original com os versos do próprio Lampião

Esta canção tornou-se mundialmente famosa depois do consagrado filme “O Cangaceiro”, de 1953, que ganhou o prêmio especial no Festival de Cannes por sua trilha sonora, tendo sido premiado também como o melhor filme de aventura. Neste filme, a música sofreu uma adaptação especial do compositor Zé do Norte e foi interpretada pela brilhante cantora Vanja Orico, conforme podemos observar no link abaixo, numa bonita interpretação, feita em 1959 na Itália:

Depois da fama, esta música foi interpretada por vários cantores, em todo o mundo, alguns muito famosos, como Luiz Gonzaga, que foi lançado para a fama inicialmente no programa de rádio do próprio Zé do Norte. Assim, a música de Lampião e Volta Seca, ajudou a alçar para a fama os brilhantes intérpretes Vanja Orico e Luiz Gonzaga. Outra intérprete famosa, que também gravou esta canção, foi a cantora americana Joan Baez, conforme podemos ver na bonita interpretação abaixo:

Mulher Rendeira tornou-se praticamente um hino do bando de Virgulino Ferreira da Silva, o famoso “Lampião”, depois que ele a apresentou pela primeira vez na cidade de Floresta, em Pernambuco, em fevereiro de 1922, juntamente com Antonio Alves dos Santos, o jovem “Volta Seca”, que na época era apenas um menino com 12 anos!
Abaixo podemos ver os versos da adaptação desta música para o filme do diretor Lima Barreto, que ganhou os prêmios no  Festival de Cannes:

 Olê, mulher rendeira / Olê, mulher rendá
Tu me ensina a fazer renda / Que eu te ensino a namorar
Lampião desceu a serra / Deu um baile em Cajazeira
Botou moça donzela / Prá cantar “Mulher Rendeira”
As moças da Vila Bela / Não tem mais ocupação
E só vivem na janela / Namorando Lampião!


Podemos ver esta interpretação cantada no link abaixo pelo famoso conjunto vocal musical Os Demônios da Garôa:

Esta música do cangaceiro Lampião possui atualmente mais de 120 versões, em 14 países e em 7 idiomas! Existe até uma versão feita pelo consagrado compositor brasileiro Milton Nascimento, em 1962, para o conjunto de rock inglês The Shadows, com o nome de “The Bandit”, conforme podemos ver no link abaixo:

Uma bonita versão musical orquestrada e mais elaborada, da música preparada por Milton Nascimento, “The Bandit”, foi gravada pelo conjunto The Browns. Na época eles chamaram a música de "O Cangaceiro, the bandit of Brazil", conforme podemos ver no link abaixo:

Também podemos ver, no link abaixo, um vídeo com algumas imagens de Lampião, Maria Bonita e seu bando, servindo de ilustração para uma música de funk contemporânea feita pelo conjunto “Os Renegados do Funk”:

Não estamos analisando aqui as atrocidades cometidas por Lampião, Volta Seca e outros cangaceiros daquela época. Nem estamos analisando as implicações sociais e históricas do fenômeno do Cangaço. Estamos apenas vendo uma música que estas pessoas compuseram e que tem uma grande sonoridade musical, conforme podemos ver no link abaixo, numa bonita interpretação musical feita no piano:

Esta música já percorreu o mundo todo, é um dos marcos da cultura musical brasileira e, embora tenha sido composta por homens simples, da caatinga do sertão nordestino, possui uma musicalidade universal. Abaixo podemos ver um link para um vídeo que mostra a música do filme de Lima Barreto e algumas fotos da região em que foi feita:
Música do filme "O Cangaceiro" e algumas fotos daquela região nordestina

Lampião e sua esposa Maria Bonita tiveram um triste fim, sendo decapitados pelas forças policiais enviadas ao seu encalço, em julho de 1938. Já o cangaceiro Volta Seca foi preso em fevereiro de 1932 e condenado a vinte anos de prisão! A história da vida de Volta Seca no cangaço, e como compositor, pode ser encontrada no link abaixo:

Finalmente, para encerrar, damos mais uma palhinha do pessoal da “Permacultura Musical”, da Comunidade Solaris de Ilhéus, para apresentar um último link do vídeo de mais uma famosa canção de Volta Seca, chamada “Acorda Maria Bonita”:

Espero que tenham gostado da abordagem desta música, feita pela nossa pequena comunidade alternativa, do litoral sul da Bahia, a Comunidade Solaris. Se quiserem ver nossas fotos e mais alguns artigos que escrevemos basta acessar os links abaixo dos nossos sites:
http://comunidadesolaris.spaceblog.com.br
http://www.flickr.com/photos/comunidadesolaris/
http://comunidadesolaris.blogs.sapo.pt
http://energiasdobem.spaceblog.com.br
http://permaculturabr.ning.com/profile/TonCaldas

E que as Energias do Bem os acompanhem e os protejam, principalmente dos novos cangaceiros engravatados que existem atualmente em várias organizações brasileiras!  Saudações da Comunidade Solaris A-1, de Ilhéus.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Erasmo Carlos

Grande cantor e compositor brasileiro dos anos 60, 70 e 80 principalmente do gênero rock brasileiro e samba-rock. Teve uma grande parceria musical com o famoso cantor e compositor brasileiro Roberto Carlos, escrevendo e compondo grandes sucessos que marcaram época.
Começou sua carreira em 1958 na banda “The Snakes” que acompanhava outros cantores famosos como Roberto Carlos, Tim Maia, Wilson Simonal, Jorge Bem e Cauby Peixoto. Nesta época começou sua amizade e parceria musical com o cantor Roberto Carlos. Participou depois do famoso conjunto musical “Renato e seus blue caps”.
No começo da sua carreira foi muito influenciado pela bossa-nova. No link abaixo podemos ver uma de suas primeiras composições mais famosas, chamada “O caderninho”:

Outra música que fez muito sucesso, seguindo este mesmo estilo de música lenta, e feita em parceria com Roberto Carlos,  foi “A pescaria”, que pode ser vista no link abaixo:
A partir de 1965 Erasmo teve grande participação no famoso programa “Jovem Guarda”, da Televisão Record, onde aparecia junto com a cantora Wanderléa e seu amigo Roberto Carlos. Nesta época, ganhou o apelido de “Tremendão” e compôs alguns dos seus maiores sucessos musicais, tais como “Festa de Arromba” e “Gatinha Manhosa”. Abaixo vemos um link para a sua famosa canção “Festa de Arromba”:

Depois Erasmo compôs outra canção que marcou a sua época de samba-rock, chamada "Coqueiro Verde”. Nesta mesma época compôs, junto com Roberto Carlos, outra música que fez muito sucesso chamada “Sentado à beira do caminho”. Abaixo vemos um link para a música Coqueiro Verde, gravada em 1969 pelo Trio Mocotó:
Segue outro link para a música “Sentado à beira do caminho”, interpretada pelo seu parceiro musical Roberto Carlos, e que foi um dos seus maiores sucessos, marcando época dentro da MPB:

Em 1970 Erasmo Carlos sai da gravadora RGE e vai para a Polygram, com a qual lança seu LP “Erasmo Carlos e os Tremendões”.  Depois ele vai para outra gravadora, chamada Polydor, onde grava outros LPs, tais como “Sonhos e Memórias” e “Projeto Salva Terra” (de 1974). Neste último disco aparecem grandes sucessos musicais seus, tais como “Sou uma criança e não entendo nada” e “Cachaça mecânica”. Abaixo temos um vídeo onde aparece a música “Sou uma criança e não entendo nada”:
Em 1978 lançou seu LP “Pelas esquinas de Ipanema”, onde lançou sua música “Panorama ecológico”, onde já começam a despontar algumas das suas preocupações com as questões ecológicas.
Em 1980 lança outro disco, com a participação de amigos e grandes artista daquela época, chamado “Erasmo convida”. Neste disco canta um outro grande sucesso seu, no progama de televisão "Os Trapalhões", chamado “Minha fama de mau”, conforme podemos ver no link abaixo:
"Minha fama de mau", música cantada no programa dos Trapalhões
 
Em 1981 lançou outro LP de grande sucesso comercial, chamado “Mulher”, onde aparecem músicas de grande sucesso tais como “Pega na mentira” e “Mulher”, esta última escrita em parceria com sua mulher Narinha.
O mais curioso é que neste disco havia uma música que não pôde ser tocada nas rádios, por causa da censura imposta pelo regime militar daquela época, e que também não existe em nenhum vídeo da Internet, chamada “Filho”. Esta música tem uma letra muito bonita que prevê o final da ditadura militar e clama pela paz da humanidade! Foi escrita em parceria com seu amigo Roberto Carlos, mas ainda não possui nenhuma versão musical gravada na Internet!
Abaixo vemos a regravação de uma música antiga sua, e presente neste disco, chamada “Gatinha Manhosa”, que foi um grande sucesso nos bailes e festas durante os anos 60, porque era uma música boa para se dançar “agarradinho”:

Em 1985 Erasmo participou do festival do Rock in Rio, onde cantou para uma grande multidão. Participou também do projeto de lançamento de um compacto simples chamado “Nordeste Já”, junto com vários artistas, que tinha como objetivo angariar fundos para a população carente do Nordeste Brasileiro.
Em 1992 lançou seu disco “Homem de Rua” onde se destacaram as músicas “A terra é dos homens” e “A carta” (relançamento). Abaixo segue um link para a sua composição “A carta”:

Em 2011, já com a idade avançada, lançou seu último LP, chamado “Sexo”, com músicas ainda desconhecidas do grande público.
Finalizando, vemos abaixo a letra e um vídeo de Erasmo Carlos cantando a sua famosa música “Amigo”, feita junto com seu famoso parceiro musical Roberto Carlos. O vídeo foi gravado em pleno Estádio do Maracanã lotado, e a interpretação emociona os dois cantores:

Acompanhem os links e vejam as músicas do Tremendão!














sábado, 19 de maio de 2012

Woody Guthrie

Woody Guthrie foi um famoso cantor, compositor, escritor e locutor americano que fez muito sucesso nos EUA durante a década de 40. Foi um cantor de músicas de protesto e de músicas folclóricas que se tornaram famosas. Suas músicas retratam uma época de sofrimento do povo com quem conviveu. Durante as décadas de 20 e 30 os pobres americanos foram oprimidos pela ganância e pela soberba dos grandes industriais e proprietários de terra dos EUA.
Guthrie influenciou outros cantores e compositores de sua época e de épocas posteriores como Pete Seeger, com quem conviveu, e Bob Dylan, que o conheceu no seu leito de morte. No final da sua vida Guthrie padeceu da doença genética incurável de Huntington, que provoca desordem neurológica progressiva, e teve que ficar internado em hospitais de Nova Iorque por cerca de 10 anos!
Nasceu no estado americano do Oklahoma no ano de 1912, foi casado três vezes e teve oito filhos. Aprendeu a tocar gaita com 14 anos e começou a compor. Gostava de ler, mas não chegou a concluir o ensino médio. Conviveu com trabalhadores e pessoas do meio rural durante a época da Grande Depressão, e isto influenciou no seu repertório musical, composto por baladas e músicas folclóricas e de blues.
Abaixo vemos um link de uma de suas músicas, chamada “Ludlow Massacre”, que retrata o massacre de 20 pessoas, entre elas 2 mulheres e 11 crianças que se esconderam dentro de um buraco, para escapar das balas e do fogo. O massacre ocorreu em abril de 1914, e foi feito contra os mineiros grevistas da mina de carvão de propriedade do milionário americano John Rockefeller Junior. O massacre criminoso foi executado pela Guarda Nacional do Estado do Colorado:
Woody morou no Texas, onde conheceu sua primeira esposa, Mary Jennings, com quem teve três filhos. Depois, deixou sua família e viajou para procurar trabalho na California, onde alcançou sucesso como locutor da rádio KFVD. Nesta época Guthrie foi apresentado aos socialistas e comunistas do sul da Califórnia, entre os quais Will Geer, um famoso ator de cinema americano que ficou sendo um dos seus melhores amigos.
Em maio de 1939 Guthrie começou a escrever uma coluna no jornal comunista “The Daily Worker”. Durante a Segunda Guerra Mundial Guthrie escreveu algumas músicas infantis, entre elas “Goodnight little darling”, que escreveu para seu filho Arlo Guthrie. Anos depois, Arlo também se tornou um conhecido cantor americano de músicas folk.
Woody levou sua família de volta para o Texas, de onde partiu para Nova Iorque, para tentar a sorte como cantor de músicas folclóricas. Guthrie ficou morando no apartamento do seu amigo, o ator Will Geer.
Ficou conhecido pela comunidade esquerdista de Nova Iorque como “O Cowboy de Oklahoma” e lançou um álbum de músicas pela Victor Records, chamado “Dust Bowl Ballads”. Neste álbum foi gravada sua canção mais famosa, “This land is your land”, escrita em fevereiro de 1940. Esta balada é muito conhecida nos EUA e, no link abaixo, podemos ver o próprio Guthrie cantando esta música, em 1945:
Em março de 1940, Guthrie conheceu o cantor de músicas folclóricas Pete Seeger e os dois se tornaram amigos. Também conheceu o músico negro Huddie Leadbelly, com o qual tocou nos bares do bairro do Harlen. No link abaixo vemos a música “We shall be free”, com Woody cantando junto com Leadbelly e outros amigos:
Voltou depois, com sua família, para a costa oeste dos EUA e foi trabalhar no Estado de Washington como narrador de um programa sobre o Rio Columbia, o quarto maior rio dos EUA. Alí compôs cerca de 26 canções lançadas no álbum “Canções do Rio Columbia”. Abaixo aparece um link onde podemos ver uma dessas canções chamada “Roll On Columbia”:

Depois disso, se separou da sua primeira esposa e voltou para Nova Iorque, onde morou no bairro boêmio do Greenwich Village, junto com outros artistas e músicos, entre eles estava Pete Seeger. Neste bairro eles tinham uma casa comunitária cooperativa, chamada “Almanac House”. Lá eles decidiram criar o grupo de músicas folk “Almanac Singers”. As músicas compostas naquela comunidade de artistas eram de propriedade de todo o grupo. 
Nesta época Guthrie adotou seu visual de apresentação mais famoso, onde se apresentava com uma boina no “estilo bolchevique” e um violão, onde escreveu a frase “Esta máquina mata fascistas”. Este estilo foi copiado mais tarde por outros cantores famosos, como o cantor brasileiro Fagner, no início da sua carreira, e também pelo cantor americano Bob Dylan.
Abaixo podemos ver uma das canções de Guthrie, "Vigilante Man", servindo de fundo musical para um filme sobre protestos de trabalhadores americanos:
Em Nova Iorque, Guthrie conheceu uma instrutora de dança, chamada Marjorie Mazia, que seria sua segunda esposa, que cuidou dele nos últimos anos da sua vida, e com quem teve quatro filhos.
Junto com Pete Seege escreveu a música “Union Maid”. Abaixo vemos um link para esta música, onde aparecem Pete Seege e o filho de Woody, Arlo Guthrie, que também foi cantor de músicas folclóricas:
Prosseguindo com seu estilo de cantor de músicas de protesto, (protest singer), Woody fez uma música, juntamente com David Rovics, para relembrar o famoso caso dos imigrantes italianos e líderes trabalhistas Sacco e Vanzetti, que foram mortos, na cadeira elétrica, em 1926, por um crime que não cometeram. Abaixo segue um link para esta música:
Em 1944 Guthrie escreveu sua auto biografia, intitulada “Bound for Glory”, que mais tarde se transformou num filme, feito em 1976, estrelado pelo famoso ator David Carredine, no papel de Woody.
Woody também serviu na Marinha Americana, durante a guerra, onde cantava para a tripulação e as tropas do exército. Em 1948 ocorreu um acidente aéreo, com trabalhadores mexicanos, que inspirou Guthrie a escrever sua música “Deportee”. Mais tarde, em 1950, Guthrie escreveu outra música famosa chamada “Oklahoma Hills”, que aparece no link abaixo, sendo interpretada pelo cantor Hank Thompson:
Em 1952, o quadro clínico de Woody começou a se agravar, e ele foi diagnosticado com a doença genética de Huntington. Ele resolveu se divorciar de Marjorie e voltar para a California, onde foi morar numa fazenda do ator Will Geer, junto com outros atores perseguidos por suas ideologias.
Na California Woody conheceu e se casou com Anneke Van Kirk, sua terceira esposa, com quem teve uma filha. Depois o casal se mudou para a Flórida e foi morar dentro de um ônibus. Na Flórida Woddy sofreu uma séria queimadura no braço, e não pode mais tocar seu violão, embora tivesse recuperado uma parte dos movimentos do braço.
Em 1954 o casal voltou para Nova Iorque, mas, devido à deterioração da saúde de Guthrie, Anneke não conseguiu mais cuidar dele, e o casal resolveu se divorciar. No ano de 1961, apesar dos seus problemas de saúde, Woody Guthrie ainda compôs uma bonita música, no estilo musical gospel, chamada “Jesus Christ”, que foi gravada também pelo famoso grupo musical irlandês U2, conforme podemos ver no link abaixo:
Woody Gothrie ficou hospitalizado no Hospital Greystone Park, de 1956 até 1961, e depois no Hospital do Brooklin, até 1966. Sua segunda esposa, Marjorie, cuidou dele até sua morte, em 1967. Bob Dilan, quando tinha 19 anos, foi uma das pessoas importantes que visitaram Woody no Hospital Greystone Park, e chegou a tocar para ele. Abaixo vemos um vídeo cômico com o ator David Carradine representando Woody, no hospital, sendo visitado por Bob Dylan:
Carradine interpretou Woody Guthrie no cinema, no filme de 1976 “Bound for Glory”, baseado no livro escrito por Guthrie em 1943.
Finalizando, apresento abaixo a música “I don’t want your milions” feita pelo grupo da casa comunitária Almanac House, onde Guthrie morou, durante a década de 40:

Música "I dont want your milions" feita pelo grupo Almanac Singers
 
Aproveitem os links e vejam as músicas!